quarta-feira, 27 de julho de 2016

"O Quarto de Jack" Emma Donoghue



Título: O Quarto de Jack
Autora: Emma Donoghue
Editora: Porto Editora

Desde a sua edição em Portugal que eu queria ler este livro, mesmo antes de ser adaptada em filme (que ainda não vi) e finalmente tive a oportunidade devido aos 50% de desconto na Feira do Livro da Note.

Segundo a autora, a história foi inspirada no famoso caso de Elisabeth Fritzl. Jack é um rapazinho de cinco anos para quem o quarto onde sempre viveu é todo o mundo que conhece. Além da sua Mãe que cuida de si e que lhe ensinou tudo o que sabe, os seus amigos são os objectos que existem no quarto: o Armário, a Televisão, a Sanita, o Tapete...O único outro ser humano que ele conhece é o Nick Mafarrico, o homem que lhes trás a comida e outras coisas para o Quarto. O que Jack não sabe é que o Quarto é o sítio onde a sua Mãe tem sido aprisionada e sexualmente violentada há quase sete anos, precisamente pelo tal Nick Mafarrico (que afinal é o seu pai biológico). 
Ao descobrir que o seu captor está em dificuldades financeiras e poderá provavelmente matá-los, a Mãe conta a Jack a verdade, que existe todo um mundo para além do Quarto (antes ela tinha-lhe dito que tudo o que dava na televisão não era real) e elabora um plano para que os dois saiam finalmente da sua clausura. Apesar das confusões, Jack segue o plano combinado, com o sequestrador a ser apanhado e a Mãe libertada. 

Porém o regresso à liberdade é complicado para os dois: não conhecendo o mundo que havia para além do Quarto, Jack tem demasiadas coisas para assimilar, o que lhe causa muitas confusões e frustrações e a Mãe passa por vários tormentos psicológicos. A avó de Jack também enfrenta momentos complicados ao lidar com a realidade de reencontrar a filha quando já tinha poucas esperanças que tal acontecesse e de estabelecer uma ligação com o neto que lhe vê como uma estranha. Além disso, todos tentam que mãe e filho passem o mais despercebidos possível fora da atenção dos media.   

"O Quarto de Jack" foi sem dúvida uma leitura cativante, com a habilidade de trazer leveza, beleza e até algum humor a um tema tão pesado e complicado de abordar. Com a história a ser narrada, através dos olhos de Jack, é como o leitor fosse também uma criança de cinco anos num processo de constantes descobertas sobre o mundo que os rodeia. Apesar de obviamente nunca ter passado por uma situação semelhante, alguns dos pensamentos e descobertas de Jack sobre o mundo eram semelhantes àqueles que eu tive quando eu próprio tinha cinco anos. O que prova a enorme coragem e amor da sua Mãe ao impedir que uma situação tão horrível lhe roubasse a infância. 
 

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